O outono sempre foi uma estação que me atraiu, e é-o cada vez mais. Há algo de nostalgicamente belo na libertação das folhas maduras das árvores, no anúncio da chegada do frio, na antevisão do natal, … E há ainda os frutos típicos da época, cujas cores acompanham os tons de que se veste o chão: o castanho das castanhas e os vermelhos dos diospiros e das romãs.
O diospiro é um fruto sublime, que me fascina!
Pego num bem vermelho, arredondado, com o corpo ainda firme mas prestes a ceder a um movimento menos cuidadoso. Aprecio o toque da sua pele, lisa, uniforme e brilhante, enquanto o passo por água.
Retiro-lhe o pé verde-escuro, já um pouco seco, porque o fruto está no ponto de ser degustado.
Retiro uma parte da pele com suavidade, para que aquela doçura não se desfaça sob os meus dedos, e mergulho os lábios na polpa doce, como quem dá um beijo guloso.
Hum…
Neste momento, já nem me lembro do meu trabalho de cientista, pois as sensações táteis, olfativas e gustativas tomaram conta de mim; as sensações sobrepostas ao racional, num regresso às origens, num simples fruir de uma delícia generosamente oferecida pela natureza…
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